he’ll cover you in shit, and you’ll think you’re happy

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Sabe aquela sensação de que você está caindo, quando fecha os olhos?

Fui dormir e tive uma parecida. Imagine sinos quebrando, partindo ao meio, dentro da sua cabeça, do nada, sem um barulho crescente nem nada, só quebram e somem.

– … as autoridades locais tiveram que tranqüilizar o menino com alguns medicamentos para que ele pudesse ser levado ao seu novo lar. Mas fica a pergunta…

Acordei com essa repórter de voz fina falando, sobre um menino que tinha nascido em um ferro-velho, algum tio ou algo que o valha criou ele, morreu, e ele ficou lá. O mundo dele era o ferro-velho. Tentaram tirar ele de lá, mas ele tentou matar um assistente social com uma “espécie de lança rústica feita de sucata”, segundo a repórter.

E logo depois de perceber que tinha acordado me deu o maior sono que já tive. Tudo que queria era dormir. Tudo que podia fazer era dormir… mas não podia dormir.
cada vez que piscava, passavam-se 5 minutos. Fechei os olhos de vez, acordei 12 dias depois, num hospital, ouvindo pessoas conversando sobre o tempo (Ora mas se esfriou no sul, vai chegar aqui em breve) e como comida de hospital era sem sal (por causa do iodo, sim senhor, por causa do iodo). E dormi de vez.

Quando acordei o tempo tinha parado. Acabado, não sei dizer. E com o tempo assim, o espaço perdeu a lógica.

A unica coisa que se movia era eu, voando por ai. Via carros congelados no ar, borboletas voando no meio de blocos de água enormes, pessoas fazendo coisas corriqueiras, como comprar pães, ou amarrar os sapatos, parados ali. Vi o fogo, frio, interrompido enquanto consumia seu primeiro e único alimento, nesse caso um latão de lixo de algum mendigo ou algo assim.

Resolvi dormir de novo, e desta vez eu sonhei. Sonhei que era o coelho da Alice, e que eu tropecei, e ela me alcançou, começou a gritar comigo e chorar de raiva, e me socar o mais forte que podia, me segurou pelas orelhas e bateu minha cabeça várias vezes no chão, até que eu morri. E ela ficou ali, sentada com os braços em volta dos joelhos, balançando o corpo pra frente e pra trás, chorando um pouco, depois rindo, perguntando a si mesma se já era hora do chá.

Quando acordei tudo tinha acabado, e o barulho que achava ser de sinos, era na verdade do planeta explodindo, soltando seu último som antes da atmosfera se romper de vez, e eu fiquei ali, vagando no meio de tudo aquilo. Lembrei do menino do ferro-velho, e em como ele tentou matar o assistente por tirar ele de lá.

Quando acordei era quinta-feira.

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