Tinha essa garota, perdida no tempo. Não sabia mais o que sentir. Se a espontaneidade da juventude, a melancolia da fase pré-adulta, ou o conformismo de quando não vemos mais sentido nos exageros. Velhos não exageram em nada. Nunca pensou nisso não é mesmo? Ela já.
Sentamos em uma ponte caindo aos pedaços, dessas que se fosse parte de um roteiro de filme quebraria no clímax da perseguição. Que possuem uma vista eternamente bonita, não importa o ângulo da câmera. Nessa ponte ela me contou dos seus amores, de todos eles. Era um ciclo fascinante de admiração e medo. Ela disse que já encontrou o amor da vida dela várias vezes, isso é simples. O problema são os efeitos colaterais. É a ressaca.
Cada vez que se acha um amor, nos sentimos completos, estufados. Mas ao mesmo tempo receosos. Do que? De tudo acabar. Daquele sentimento ser o último. O êxtase durar somente o tempo da conquista. O começo do fim. Vale a pena sentir-se satisfeito somente uma vez? Toda sua fome vai acabar. Parece simples de responder, mas não é. Você nunca mais sentirá vontade de comer. Essa sua vontade que te fez tomar tantas decisões. O que vem depois?