Fuligem

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O único feriado que tinha vontade de conhecer era o dia das bruxas. Não por participar, longe disso. Mas para observar as crianças, os sorrisinhos por debaixo das máscaras, adultos colocando doces nas sacolas e se esforçando um pouco para decorar a casa sem esperar nada com isso, nem mesmo aquela culpa especial que só o natal proporciona quando não participamos. Você deve demonstrar espírito natalino ou é taxado como babaca. Ho ho ho e um feliz natal, babaca.

Não no halloween. Ali, se o velho mal humorado da esquina não estivesse com saco de gastar sua mirrada pensão em doces inúteis ao invés de vodka, o máximo que aconteceria era ter sua casa enrolada em papel higiênico. Fim do drama.

Toda a ideia das fantasias era mais real do que qualquer outra data também. As crianças se vestindo de magos, heróis, fadas e bandidos. Acompanhados por seus pais fantasiados de bons maridos, esposas fiéis, trabalhadores honestos e todo o resto que encontramos povoando as vizinhanças temporárias dos semáforos. A cada 5 minutos um novo bairro é destruído e outro formado, com direito a vizinhos que se odeiam e barulhos desnecessários.

Mas apesar de toda a alegria e diversão do feriado, o dia seguinte era deprimente como todos os outros. Arrumar a bagunça. Jogar fora os restos. Enfiar na cara da realidade que os momentos bons são fantasias baratas que não duram o verão. Os doces tem mais validade que isso, graças a deus.

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