Havia um menino com a calça rasgada no joelho que sofria de Imaginarium Extremmus, uma doença que acabei de inventar, e que fazia ele perder o controle da sua imaginação quando menos esperava. Um dia esse menino estava montando um barco a vela, com caixas de papelão, metade de um cabo de vassoura, um lençol furado e uma pedra quadrada que serviria de âncora, apesar dele não saber muito bem pra que uma âncora servia.
A outra metade do cabo de vassoura segurava sua trouxa de roupas. Ele esatva fugindo do orfanato.
É ai que sua doença causa os primeiros problemas. A imaginação fugiu do controle e ele pegou algumas curvas erradas em albuquerque, quando se deu conta já estava escurecendo, e ele precisava parar na primeira ilha que encontrasse. Então ele lembrou de todos os heróis de desenhos e filmes que caíam de seus barcos e acordavam numa manhã ensolarada na praia mais próxima, ensopados, sim, mas quem se importava. Pegou a trouxa e pulou na água, torcendo pra que os deuses dos filmes e desenhos não achassem aquilo tudo uma robalheira.
Ele acordou em um mundo feito de fotografias, com os flashs de uma câmera. Era uma ilha enorme, toda feita de fotografias. As árvores, as pedras, o chão, eram imagens de vários ângulos coladas de qualquer jeito. Até o chão era feito somente de fotos jogadas. Ele podia ver que eram fotos pela moldurinha branca em volta da imagem, antes que se perguntem.
A menina só respondeu as 17 perguntas que o menino tinha feito depois de tirar foto de tudo nele, tudo memso, até embaixo dos cadarços e atrás da orelha. ela fez um bloco de fotos escrito “Menino do Mar” e guardou em uma caixa de sapatos. Ela tinha milhares de caixas de sapatos, cada uma com uma etiqueta com nomes simplórios de todo tipo de gente, com algumas letras ao contrário.
Ela disse que morou ali a vida toda. Um dia seu ursinho sumiu então ela nunca mais queria ver nada sumir, e começou a tirar fotos. Todos sumiram da ilha, mas não das suas fotos. O menino deduziu que ela estava ali há muito tempo, afinal algumas fotos estavam amareladas e gastas, e tinha até mesmo fotos de fotos, como as paredes e o telhado. Ele perguntou porque as pessoas sumiam, e ela disse que não sabia, mas que achavam que tudo precisava sumir um dia, e só.
O menino ficou feliz de pensar que poderia sumir um dia, mas sempre estaria ali naquela caixa de sapatos, e prometeu que voltaria. Então pediu a ela seu barco de fotos emprestado, e voltou pra casa, a tempo do jantar.