There was a hole here. It’s gone now.

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A maldade pode aparecer de formas muito curiosas. Quem nunca empurrou um amigo ladeira abaixo, ou grudou doces no cabelo da menina mais bonita da escola? Eu não, mas tenho certeza que você sim.

Essa história é sobre um menino quieto, com nada demais além de nunca ter ganho o que queria de natal. Ele não via motivos pra isso, não fazia sentido as outras crianças ganharem trenzinhos e espadas de plástico e ele não ganhar nada. A única explicação era que papai noel tivesse se enganado, e colocado ele na lista das crianças más.
Mas o que ele tinha feito de errado? Nunca matou ninguém. Evitava contar mentiras, apesar de que sua gaveta de meias vivia cheia de remédios que disse ter tomado. Não brigava com os amigos na escola, não maltratava sua mãe. Nunca começou guerras ou liberou doenças mortais.

Papai noel havia se enganado. E agora, qual a solução? Já que ser bom não resolveria, e ser mal era continuar na mesma. Ele tomou a única alternativa, fazer com que todas as outras crianças fosse más também.

Começou espalhando boatos, causando intrigas. Brinquedos sumiam e apareciam na casa de quem nunca viu a coisa. Apelidos surgiam e amizades eram estragadas. Logo todas as crianças olhavam desconfiadas umas pras outras, e o que o menino queria desde o início aconteceu. Elas começaram a ficar más. Começaram mesmo a roubar brinquedos e inventar apelidos. Logo elas não comiam mais seus vegetais e maltratavam os gatos do vizinho. Virou um pandemônio.

A situação saiu do controle e os pais revoltados se reuniam na escola para reclamar, como seus filhos rosados e felizes tinham se transformado em criaturazinhas verdes malvadas? Porque elas agora pediam facas e bombas de presente ao invés dos trenzinhos e ursos de pelúcia.

Mesmo na véspera de natal as maldades não pararam. Uma menina foi trancada dentro de uma geladeira porque tinha jogado terra no algodão doce que um amigo tinha roubado de outro menino, e coisas assim. Coelhos de estimação desapareceram, e uma árvore de natal foi queimada, o que fez até mesmo adultos chorarem.

Na manhã seguinte nenhuma criança ganhou presente, nem mesmo o filho do pastor da igreja, que confessou ter roubado chocolates e dar um soco em um cego.
Nosso menino quieto acordou sem esperar por presentes, mas parecia que seu plano tinha funcionado, um pacote sozinho esperava por ele embaixo da árvore. Ele não tinha cometido nenhuma maldade enquanto as outras crianças praticamente tentavam matar umas as outras. Talvez papel noel fosse meio tapado ou algo que o valha. O que importa é que funcionou, ele ganhou o único presente da vizinhança.

No cartão só dizia o nome do menino, era um pacote simples, sem desenhos nem nada. Ele desembrulhou com cuidado, queria guardar aquele momento para sempre, seu primeiro presente, já imaginava todas as outras crianças com inveja por um ano todo. Quando abriu tinha um trenzinho de madeira dentro, e o menino ficou muito feliz. Logo que tirou o trem da caixa, apareceu um urso de pelúcia. Ele deu pulos de alegria e tirou o urso, o que fez aparecer uma bola colorida. Depois da bola veio uma boneca, uma fantasia de super herói, uma luva de beisebol, um boneco de ação… parecia que todos os presentes das outras crianças estavam surgindo da caixa, e logo o chão estava forrado de brinquedos.

Foi ai que as coisas ficaram estranhas. Não parava de sair todo tipo de tralha dali, e cada vez mais rápido. O menino corria para abrir espaço no meio daquilo tudo mas a sala estava ficando cheia. Os ursinhos deram lugar a canivetes suíços e socos ingleses. Os trenzinhos pararam e coisas macabras surgiam, facas de todo tipo, rojões, coisas com um cheiro horrível, pedaços de animais com as plaquinhas ainda presas, uma perna ensanguentada escrito “Fluffy”. Quem pediria por presentes assim? Ele pensou por um momento breve antes de se dar conta do que estava acontecendo. Todos os pedidos doentios das crianças estavam vindo pra ele, a única criança que não fez maldades.

Ele nadava naquele bando de coisas, tentando desviar com cuidado dos objetos pontiagudos e chegar ate a porta, mas não tinha muito sucesso. Logo uma fecha indígena de verdade saiu da caixa e o acertou nas costas, ele caiu com a barriga num serrote de madeireiro, e bateu a cabeça na prefeitura da ferrovia de brinquedo. O menino nunca foi encontrado no meio de tudo aquilo, seus pais se mudaram sem explicar nada a ninguém depois de um incêndio misterioso.

Hoje poucos falam sobre o natal em que todas as crianças eram más. Menos um, menos o menino que não fez maldades.

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  1. Continue festejando o seu Santo Natal.Vim lhe desejar Harmonia e Paz. Tens um blogue Belíssimo. Passei aqui lendo, e observando. E estou lhe convidando a visitar o meu, que por sinal é muito Simplório, e se possível seguirmos juntos por eles. Estarei muito grato esperando por vós lá.Abraços fraternais e que o Menino Deus, nos proteja, Sempre.

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