That’s for you. Yes, you.

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Sempre quis perguntar aqueles senhores solitários que sempre perambulam entre um bar e outro o que deu errado, aonde as coisas desandaram e tudo que sobrou eram amigos de uma noite só.

Quando tinha três anos atirei no peito do meu pai com a arma dele. É claro que foi um acidente, não estamos dentro de um filme B cheio de sangue e tripas. Ninguém sabe exatamente como aconteceu, minha mãe ouviu o barulho e quando chegou mau pai estava no chão. Ela diz que ele morreu feliz e que era orgulhoso de mim. O dia que uma mãe não falar isso chamem de novidade.

“Policial de 28 anos é baleado pelo próprio filho” nas manchetes sensacionalistas do dia seguinte.

Eles fizeram um ótimo trabalho me educando e tentando substituir a figura paterna. Contaram a história toda quando eu fiz 16 e estava naquela fase rebelde. Nunca me senti culpado ou manifestei sintomas que deixariam a história mais interessante, como instinto assassino, depressão ou algo que o valha. Cresci como qualquer garoto.

Hoje é meu aniversário de 29 anos. Estou comemorando no balcão de um bar sem placa, com presunto azedo e copos gordurosos.
Sou mais velho que meu pai, e só agora o peso disso tudo caiu sobre meus ombros. Sou mais velho do que ele jamais foi e será, e o pior, não tenho a menor idéia do que isso implica, do que significa, do que eu preciso fazer. Só agora percebi em todas as mentiras, injetadas como se fossem algum tipo de anestesia, em que eu estava metido, que minha família me meteu. Sempre consegui fazer tudo, mas nunca entendi nada, nunca soube o porque trabalho ou porque casei ou porque sei manusear um martelo e resolver problemas matemáticos. Na desesperada tentativa de por a família destruída nos eixos eles criaram um robô com a visão embaçada.

E agora é ir embora, desejando não ter esquecido dos amendoins e lembrando da frase mais inteligente e engraçada dessa noite: Bebi tanto que fiquei sóbrio.