A Murder of Crows

A Murder of Crows

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Não sei como escrever sem que ache tudo isso muito estranho, ou impossível, e é até melhor assim, pois não vai se lembrar de mim.

Encontrei uma tábua de madeira velha na casa de minha avó, com runas e escrituras em uma língua estranha. Achei interessante e fui perguntar a ela o que era aquilo. Minha avó vive num asilo (nome bonito para manicômio) e sou praticamente o único que ainda vai visitar ela. Enfim, nos poucos momentos de lucidez, me disse que essa tábua continha um demônio aprisionado, e que dava pra conversar com ele, ou fazer algumas trocas.

Pesquisei um pouco na biblioteca e encontrei uns livros. A tábua era considerada amaldiçoada a muito tempo, e várias notícias antigas falam sobre pessoas serem internadas no hospital depois de se auto-mutilarem ou ficarem malucas e contarem histórias sobre magia negra.

Descobri como ela funciona. Você pede alguma coisa, qualquer coisa, e o demônio vai te dar, desde que você pague um preço. Pode ser algo de valor equivalente. É como pedir uma pizza e pagar com um hamburguer. Só que no caso, algumas pessoas pediam dinheiro e pagavam com sangue, ou dedos e pedaços da orelha. Dependendo de quanto você vai sofrer sem essas coisas, o prêmio pode ser maior.

Agora você entra na história. Gosto de você fazem 4 anos, mas nunca tive coragem de fazer nada. Até porque acredito que viver assim é melhor do que ser rejeitado.

Não quero nada desse mundo, e não acho que possa pagar o preço de pedir para ficarmos juntos.

Vou dar minha vida, e pedir para que o demônio faça com que todos se esqueçam que existi. O irônico é que com essa carta a única pessoa que sempre quis que me notasse vai ser também a única que vai saber que existi, apesar de não se lembrar de nada.

Curioso como ler isso faz parecer tanto infantil quanto deprimente, mas não me importo, não agora.

Bem, é isso, adeus.

Se ainda duvidar, vá no endereço que vou deixar e olhe na face sul de todas as árvores do jardim, tem letras cravadas. Não acho que isso vá sumir junto comigo.

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