Damn My Eyes

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E lá estava eu, cavando minha própria cova. Literalmente.

Era um cemitério pequeno, isolado, com as familiares árvores cobertas de musgo e cercas de metal caindo aos pedaços. Com morcegos voando aqui e ali enquanto juramos que podemos ouvir a madeira embaixo de nós apodrecer e o solo desmoronar em cima de restos de algum bombeiro qualquer, que morreu em serviço.

Atrás de mim tinha alguém parado olhando, desde que entrei no cemitério. Era alto e magro, com roupas pretas impecáveis, a não ser pelos sapatos sujos de lama e a barra das calças rasgadas. Usava um chapéu alto e guarda-chuva, e não sorria nem era triste. Tinha cheiro de algo mofado, mas não era ruim, era como aqueles porões de casas de avós que cheiram a porões velhos, e poeira e mofo e qualquer coisa que tenham derramado ali.

Não falamos nada, mas fiquei curioso e como ele era o único por perto perguntei se tivesse que cavar a própria cova, faria um bom trabalho ou cavaria de qualquer jeito?

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