Egito

Egito

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Antes de ter o ataque epilético, você sente cheiros de coisas que não estão ali. A explicação é que o cérebro sabe que vai surtar e faz as ligações erradas no desespero para tentar interromper o inevitável.
Com o tempo acostuma, se sinto cheio de amendoim no consultório do dentista, sei que é melhor me sentar, longe de objetos pontiagudos e cantos de mesa.

(O curioso é que as grávidas tem algo parecido. Algumas dizem perder a noção dos cheiros durante a gravidez. O que era baunilha vira carne podre.
Se existir essa coisa toda de previsão do futuro e oráculos, quem sabe o cérebro está dizendo de alguma forma que o que vai nascer ali, não passa de um grande ataque epilético, com fones de ouvido e cabeça baixa.)

O que acontece durante os ataques, você pergunta. Bom, é como um desmaio, depende da pessoa. Alguns apagam, acordam depois com hematomas e arrotando qualquer coisa misturada com vômito. Outros vêem flashes, como se estivessem bêbados demais.
Eu sonho, ou tenho delírios, da no mesmo. Sempre que começa, diminuo até ficar minúsculo, ali na sala onde começou. Então saio andando, como uma aventura besta por carpetes e pisos de madeira com buracos que parecem abismos e desertos no meio do banheiro.

Ainda não me decidi se quero saber o que isso significa. Quem sabe amanhã eu acorde decidido e vá me formar em qualquer coisa que ajude a explicar com nomes científicos e comprimidos.
Quem sabe queira me embebedar e esquecer propositalmente dos remédios, para sair em busca do maior barco de papel que já vi, ou cair nesses buracos cheios de pó e clips perdidos.

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