Desculpem se vou causar desapontamento, mas tenho muitos medos.
Medo de certos insetos com pernas demais que não são rechonchudos.
Medo de que meus olhos percam a cor.
Medo de nunca saber dançar, mesmo tendo consciência que nunca vou aprender.
Medo de não enxergar mais certos tons de verde.
Medo de envelhecer.
Sozinho.
Enrugado.
Sabendo que não vou ter um gato.
Medo de nunca saber cozinhar salmão, com aquelas folhinhas que, infelizmente, nunca vou saber o nome.
Medo de não gostar mais das quintas-feiras.
Das sextas.
Das terças.
Medo de ser feliz demais por curtos períodos de tempo.
Medo das lágrimas de crianças.
Medo de acordar amanhã com doze anos novamente, e lembrar de tudo que não fiz no meu sonho.
Medo de deixar minha futura tartaruga morrer.
Medo de dizer adeus a amigos, porque pra mim é muito mais fácil do que dar bom dia.
Ou boa tarde, como você está?
Medo de dar pulos tão altos que todos vão parecer formigas, e oh deus, esqueci do para-quedas.
Medo de não correr sem roupas.
Medo de aprender o que são regras.
Leis.
Deveres.
Medo do avião cair na floresta, e não no oceano.
Medo de descobrir que tenho câncer e dizer que esperava por isso.
Medo de nunca mais ir ao circo.
Medo de cavar baús do tesouro vazios.
Medo de cantar músicas felizes.
Medo de não virar um chefe da máfia.
Um astronauta.
Um médico maluco assassino de mulheres.
Medo de saber as horas pelo sol, e não ver mais o amanhecer.
Medo de usar chapeuzinhos engraçados.
Ou suspensórios.
Medo de renascer.
Medo de ter um cachorro chamado rex, ou totó.
Medo de nunca me sentir tranquilo com certos perfumes.
Medo de ter vergonha da minha bicicleta colorida.
Medo de nunca tocar uma nota em um violino.
Medo de me perder na floresta mais escura, não por não saber o caminho, mas por propositalmente seguir alguém de cabelos esvoaçantes e olhos grandes, que era impossível de estar ali.
Correndo.
Sorrindo.
Sozinha.
não tenha medo. eu te dou um dos meu gatos, quando você estiver velho sozinho e enrugado. pode riscar esse da lista.
…medo de ser cotiano demais para tornar-se mágico