Era uma vez um garoto que nunca cortou o cabelo. Ele ganhou um tênis no seu aniversário, daqueles que acendem luzes quando se pisa. O problema é que o tênis era esperto demais, e fazia com que o menino andasse por ai sem opção. Ele ia em silêncio, afinal de contas se o tênis já andava sozinho que outras coisas estranhas e perturbadoras ele não podia fazer, não é. Uma hora o tênis devia se cansar, ai ele tiraria do pé e voltava pra casa.
O tênis levou o garoto para uma floresta fechada, com árvores tortas e esquilos que mais pareciam ratos-esquilos. Fazia um pouco de frio lá, e agora um casaco cairia bem.
Depois de andar um bocado, ver animais estranhos e sentir cheiros que nunca tinha sentido, o menino viu uma coruja gorda em um galho a frente. Era gorda mesmo, o galho quase quebrava. Ao passar pela coruja, essa abriu o maior sorriso que ele viu na vida e perguntou se o garoto não precisava de ajuda. Não não, dona coruja só estou de passagem.
A coruja foi pulando de galho em galho acompanhando o menino e seu tênis. Perguntou a ele se sabia o nome da floresta. Não, mas eu a chamo de Floresta dos Esquilos.
É a floresta do tempo, disse a coruja, estamos viajando no tempo, pro futuro.
Quando saiu da floresta o menino se deu conta que a coruja não o seguia mais. Andou por uma vizinhança que nunca tinha ido, só que tudo era cheio de poeira e teias de aranha. Realmente tinha viajado no tempo, e falando nisso, não chegaria a tempo para o jantar, o que era um problemão nas quintas feiras.
Passou por um aquário gigante, maior que uma casa, de água escura, só conseguia enxergar os peixes que passavam bem perto do vidro. Quando olhou de novo tinha um peixe meio cobra enorme olhando pra ele, com centenas de dentes pequenos pela boca toda.
O garoto estava ficando cansado, e com fome. Queria que seus tênis parassem logo de andar. Passou por um robô em forma de pinguin que só repetia o quanto estava calor pela redondeza. Por fadinhas minúsculas que ficavam espetando gravetos no seu pescoço.
Ele acordou com sua avó chamando para o almoço. Botou água para um passarinho gordo que ficava na gaiola, comida pra seu peixe, vestiu seus chinelos de pinguin e saiu.
As fadinhas existiam mesmo. Moravam dentro da porta. Todas as portas tem uma entrada na parte de cima, por onde as fadas esperavam mariposas e aranhas passarem como quem não quer nada. Prendiam elas dentro da porta, e a torturavam até morrerem, ai comiam.
fadas comendo mariposas,bela imagemnem tudo que parece sujo é vil.