Me mudei para uma casa inteira de vidro transparente. É engraçado porque você nunca mais vai perder as chaves, no máximo elas estão naquele monte de almofadas.
A melhor coisa era quando chovia a tarde, e você podia ver as folhas levadas pela água no teto.
No verão as paredes eram rajadas de mariposas e mosquitos atraídos pela luz. Eles me causam admiração. Seguem as luzes brilhantes não importa onde estejam, mesmo vendo outros morrerem naquelas lâmpadas.
As tempestades começaram a ter outro sentido.
Era como deitar na chuva, mas a cada raio você muda de pensamento.
Cogumelos.
Flash.
Preciso enviar uma carta amanhã.
Flash.
Colher meus tomates.
Flash.
Perto da casa tinha uma árvore, mas não sei o nome dela, porque ao invés de frutos ela dava livros. No meu mundo ela é a única árvore, então chamo ela somente de árvore. Assim como a casa, e o pé de tomate.
Quando faz sol eu sento debaixo dela e leio um livro qualquer. Eles também não tem nomes, mas eu chamo pelas cores nas capas.
Tem dias que juro que o sol se põe, e nasce de novo, mas eu não tiro os olhos do livro porque tenho medo de presenciar isso, só vejo pelo canto do olho, escurece, e amanhece de novo.
Preciso comprar roupas, ou fazer elas de sacos velhos e folhas.
Flash.
Percebi que só sou feliz enquanto chove, no resto só sou eu mesmo.
Flash.
Queria receber visitas.
Flash.
árvores com livros *-*emora eu tenha vontade de receber visitas,gostaria também que não gritassem comigo enquanto como melancias.