As luzes ficam tão bonitas, como se tivessem vida. Pulsam e conversam umas com as outras, riem e cantam canções curtas sobre fábulas esquecidas.
Porque sinto que vivi muito tempo, mas não aprendi nenhuma lição?
Aprendi a dar apertos de mão.
Aprendi a pedir desculpas.
Aprendi a sorrir (não se deve ensinar a sorrir).
Aprendi a pedir socorro.
Aprendi a me decepcionar.
Porque sinto que vivi muito tempo, mas não aprendi nenhuma lição?
Algumas coisas simplesmente não tem motivo para existirem. Até entendo o amargo, tem seu prazer de certa forma, mas e o insosso? Ou aviões, eles deviam deixar as pessoas voarem por conta própria. Outras existem mas não aproveitamos, como a ironia. Faça bombas que espalhem perfumes doces, lembrando a infância. Dê sabores de verdade aos lábios de cada um, e exclua completamente a sensação de conforto que a tristeza tem.
Era uma vez um jovem escritor que sempre ateava fogo a tudo que escrevia.
Um dia ele escreveu no braço com um estilete “queria que algo desse certo mesmo só uma vez”.
Alguém ia encontrar o corpo dele e chorar uns dias, depois tentar encontrar um pedaço de qualquer coisa escrita para por como epitáfio no túmulo, mas não ia achar.
Inventar alguma e dizer que era dele, é pior do que escrever aquelas baboseiras de sempre? Como “amigo e companheiro, sentiremos saudades”. Ninguém entende que é melhor não escrever nada do que isso.
Nossos pais deviam ser proibidos de esperar que fôssemos felizes. Eles deviam nos amar, só isso. Ai um dia a polícia chegaria numa casa, e ia levar o pai algemado, seus olhos encheriam de lágrimas e ele iria gritar “porque? o que eu fiz?”.
Um dos policiais falaria “você vai matar seu filho daqui a 12 anos. hoje vai esperar que ele seja melhor do que você, mas ele não vai ser”.
Às vezes sinto que nunca fui tão feliz quanto sou agora que posso ver as luzes. São como amigos imaginários, e da vontade de rir somente por olhar para elas.
O que vai te deixar encucado não é o fato de que você também consegue ver, e sentir elas, mas que tem perfumes e sabem seu nome.
Sempre exagere em tudo. Nas cores, nos cheiros, nos abraços, na raiva, nos gritos, na altura que vai pular.
Você vai cair por tanto tempo que vai ficar em dúvida se está indo rumo a uma aventura, ou se já está em uma.