O tempo que você dormiu só foi suficiente pra secar as lágrimas, mas não se preocupe, hoje nós vamos fugir. Pegue suas coisas, só o necessário, nada de roupas ou aparelhos inúteis. Traga ursinhos de pelúcia, lápis e papel.
Vou cantar baixinho, e essa música vai mandar o frio embora, vamos andar e andar, cada dia com objetivos diferentes. Procurando plantações de morangos, hotéis com cupins e cinemas já sem funcionar, mas que ainda tenham filmes velhos, e pôsteres.
Encontramos uma árvore e subimos o mais alto que pudermos. As pessoas passam lá embaixo, mas não tiram os olhos da rua, apressadas e resmungando. São nossos vampiros, só que andam na luz do sol e se protegem atrás de cruzes e santos.
Aqui em cima os jornais não importam mais, e podemos até acenar para amigos distantes, mas ninguém vai ver, e era isso que queria, não?
Nossa viagem vai acabar assim que começar uma pequena estradinha de terra, e vamos morar em um castelo de cartas. Confesso que sempre tive medo de morar em castelos de cartas, você não? Compramos um relógio grande e antigo, que da 1 badalada por hora, e 2 badaladas a cada meia hora. As coisas são bem mais simples aqui, podemos dançar e dormir quando bem entendermos, quem sabe até plantar qualquer coisa que vamos esquecer de regar. Ou comprar peixinhos e deixar eles vivendo na banheira.
Vamos ser felizes por um tempo curto demais, e sempre que me perguntar as horas vou responder que “ainda é cedo”.
Vão atear fogo ao nosso castelo, e vamos ser separados por um rei de espadas, as cartas vão parar de chegar, e vou ter raiva das lembranças e de toda a frustração que elas trazem.
O velho que estará ao lado da minha cela dirá que “a melhor coisa do passado é que ele é o passado”, e vou responder com uma risada alta.
Ele vai aprender a não me perguntar mais as horas, porque agora sempre é “tarde demais”, e as manhãs são frias e cinzas.
Me pergunto se você está feliz… se te fizeram gostar dos jornais e estar sempre com pressa… se trocou os ursinhos, lápis e papel por roupas, santos e café da manhã.
Vinho tinto e remédios para dormir, foi o que me tornei. Filmes tristes e sexo barato, me deixem voltar pra onde pertenço.
Parem de mandar cartas, cartas sempre são queimadas… eles nos alimentam com mentirinhas brancas… você vai para o inferno pelo que sua mente suja está pensando, mas tudo bem, eu gosto disso.
queria ir pra um lugar como esse que você idealizou,além dos castelos de carta queria dormir no meio de um dente-de-leão gigante que voasse rs
Essa deve ter sido a coisa mais gay q vc escreveu até hoje. Deve ser por isso q eu adorei! 😉