Três e meia, hora de me dar conta que sempre vou ser sozinho.
Nunca olhe pro relógio quando quiser que o tempo passe mais rápido. Isso sempre soa meio besta, mas todo mundo olha, o tempo todo. É uma das provas que existem forças superiores, capazes de moldar a linha do tempo a seu bel prazer. Ou não.
Decidi estipular esse horário, três e meia, para todos os dias me dar conta que sempre vou ser sozinho. Pode parecer dramático demais ou qualquer coisa que costumam desprezar mas no fundo se identificam, mas até hoje funciona. Sei que depois das três e meia não vou cultivar esperanças, pelo menos não as que envolvem relacionamentos.
Tinha esse sujeitinho que morava na minha cabeça. Para ser mais exato ele vivia na área do cérebro responsável por guardar as memórias de como era o 2º canto do meu quarto. Sim eu numerava os cantos do meu quarto. Não entenderam? Assim, imagine que você tem um cactus no canto do seu quarto. Quando pensar nesse canto, veria o cactus. Eu não tinha sujeito algum no canto do meu quarto. Mas quando pensava ele estava ali. Não sei porque decidiu se apropriar justo dessa memória, mas não encontrei nada que pudesse fazer. O que era triste porque me fez pensar que estava ficando louco. Mas era tão real.
Não se preocupe comigo, tenho chocolate.