Pensei sobre o que me pediu e como estou velho vou te dizer qual era o plano perfeito.
Se não der muita importância pra viver numa prisão, a melhor saída é matar algum ídolo pop qualquer. Ai o máximo que você terá que se preocupar é na comida repetitiva e em anular completamente o apetite sexual e pronto, uma vida de monge, protegido e ganhando royalties em todo tipo de coisa com sua cara nela.
O principal problema é a forma como a cosa é executada. Você não pode ser meticuloso demais, ou precavido demais, tem que estar disposto a correr alguns riscos e deixar a sorte guiar o caminho. Quem influencia esses julgamentos grandes é o público, e o quanto eles estão putos com você. É simples comprar uma granada militar e entrar em um show aleatório com ela, pague qualquer mulher com o perfil meio duvidoso para que esconda e diga que são drogas ou algo que o valha. Ai é só jogar.
Mas não pode fazer isso, não pode explodir o corpo do sujeito. É pena de morte na certa, com direito a um possível linchamento ali mesmo.
Nesses casos os fãs não querem um funeral fechado, querem ver seus ídolos pela última vez, ou pelo menos saber que ele estava inteiro, e vai pro céu inteiro. Se ele estiver sem a metade esquerda do corpo isso não fica tão bonito.
É o mesmo motivo que uma arma com calibre muito grande não é recomendada. Um buraco no meio do peito e vísceras penduradas não é do agrado do grande público. E nunca, repito, nunca atinja a cabeça. Prefira atingir o torax, algum órgão interno, como o estômago ou o pulmão. Tente fugir dos rins e fígado, eles são órgãos resistentes e facilmente transplantados.
Armas de longo alcance devem ser evitadas, pois indicam um alto nível de planejamento, e associar sua imagem a alguém covarde e frio. Além de arruinar alegações de insanidade.
Ah, outra coisa, se você errar, se suicide. Ver a celebridade em questão se tornar um mártir vai ser doloroso demais.
Depois de tudo isso arranjado, procure fazer em local público e com mais pessoas ao redor, nunca sozinho. Sozinho é fácil demais dos seguranças ou policiais te matarem ali mesmo e inventarem qualquer coisa para a mídia. Eles acreditam em tudo nessas horas. Depois do disparo (ou facada, se tiver os culhões) civis vão correr, seguranças vão se juntar ao redor da vítima e tudo vira um caos. Alguém sempre vê que foi você o autor, jogue a arma no chão e deite. Eles vão te espancar um pouco mas sempre tem aquela pessoa infeliz que diz que todos tem direitos iguais, além de que seguranças e policiais vão evitar atirar no meio da confusão.
Você vai ser preso em cela especial, para evitar contato com o público. Algum advogado de defesa de renome vai se dispor a cuidar do caso somente pela publicidade. Milhares de comunidades vão surgir idolatrando o que você fez e um comércio semi-negro de todo tipo de artigo estampado com sua cara ou nome (dado pela mídia, infelizmente) vai ser vendido. Alguma produtora grande de hollywood vai comprar os direitos da história. Outras produtoras menores vão comprar os direitos de documentários sobre sua vida.
Se lembrar, leve um livro ou carta junto na hora, mas antes procure fazer um acordo de divisão de lucros com o autor. O livro dele vai virar best-seller, qualquer coisa citada na sua carta vai se tornar popular nos próximos anos.
Sempre alegue insanidade, depois de 10 ou 15 anos o caso esfria e você pode sair a público dando entrevistas pessoais sobre o ocorrido. Vai ser o herói de algumas pessoas por acabar com aquela modinha. Odiado por milhões, claro, mas vale o esforço se estiver disposto.
Passar bem.
P.S.: tente incluir meu nome na carta final, talvez ainda consiga comprar um presente para minha neta com o dinheiro das entrevistas.