Encontrei um restaurante atrás do Teatro Sete ontem, ele não tinha nome, mas cheirava bem. Parecia um lugar simpático, pequeno, aconchegante, sem muitos clientes. Sentei e fiquei observando a decoração variada, com fotos de pescadores numa parede, e o que pareciam ser legumes gigantes na outra.
Logo apareceu uma moça de avental, parecia tímida me entregando o cardápio com mãos trêmulas e evitando olhar pro meu rosto.
Peguei o papel e olhei por uns instantes, me dei conta que nunca pedi uma sopa nesses lugares.
Só tinha uma, “Sopa de Creme Branco”.
Fiz meu pedido e olhei a menina saindo com um andar engraçado. Não demorou muito para trazerem o prato, mas ao invés da minha sopa ganhei um filé com batatas.
Essas coisas são mais do que espero, sempre. Mas é claro, este era mais um daqueles lugares que nunca mais vou encontrar. Que não darei valor agora, mas amanhã ele não vai mais estar aqui, e vou desejar mais que tudo saber onde o restaurante foi.
Comi meu prato e saí, dei uma última olhada para a fachada sem nome, senti o cheiro que vinha de dentro e fui embora.
Claro que no outro dia passei por lá, mas estava escuro, sem luz, sem aroma. Um gato começou a miar nas minhas pernas e espantei ele, praguejando mais por não encontrar o restaurante do que por outra coisa.
Quem sabe me deparo com mais um desses lugares, se tiver sorte e não souber o valor que eles tem.