Carbon Atom Triple-bonded to a Nitrogen Atom

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Comprei um cactus. Eles sempre me atraíram mais do que as outras plantas, não por beleza, seria estúpido dizer isso, mas por não precisarem de quase nada pra viver.
O problema é que o cactus morreu. Não sou de muitas crises existenciais, mas isso leva a crer que depender de mim é pior do que depender de um deserto. Isso me fez lembrar do meu primeiro cachorro, aquele que nossos pais dão mais para satisfazer o sentimento de “eu sou um bom pai” do que para te divertir. Sempre odiei animais. Só queria que eles brincassem comigo, fosse lá o que fosse, mas são burros demais pra isso. Só abanam o rabo e buscam bolas. Eu queria brincar de astronauta ou qualquer coisa que o valha, não de jogar a bola pra ele pegar. Mas no fim sempre acabava sentado no meio-fio jogando a maldita bola. O que sempre quis era um amigo imaginário. Nos desenhos animados eles sempre tem aqueles monstros enormes, ou uma versão de si mesmo malvada ou mais divertida. Eu até que tentei criar um, conversando com o nada, mas não deu muito certo. Desde pequeno tenho esses lapsos racionais, do nada eu paro o que estiver fazendo e penso um pouco sobre, e sempre é estúpido. Podia estar me divertindo pra caramba com meu amigo-imaginário-imaginário, era só ter um desses lapsos pra perceber a babaquice que era inventar algo que teoricamente já seria inventado. Tenho eles até hoje, em todo lugar. No trabalho nem preciso explicar, se você gosta de trabalhar eu espero sinceramente que nosso mundo seja escravizado por alienígenas e você seja sodomizado eternamente. Lapsos no meio da rua são engraçados, daquela forma em que cair em um tanque de merda é engraçado, anos depois. Andando na rua você para e pensa que o que estiver fazendo, não importa o que seja, é inútil e fruto do exagero coletivo de alguém superior a você. Seja sua mãe e pai, ou chefes, ou até o cachorro maldito pedindo a bola. Talvez eu compre outro cactus, ou aquelas árvorezinhas pequenas japonesas que ninguém sabe como fazem, e ninguém quer saber também, porque é mais divertido imaginar que pequenos elfos tem suas casinhas na sombra dessas árvores e vem algum senhor japonês com tesouras de jardinagem na mão e acabam com sua vida pacata. Olha só, outro daqueles lapsos, isso tudo que você leu é inútil, admita.

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