Antes de mais nada, tudo. Porque escolher a ordem e importância é uma mentira do tempo. Eu, você e aquele gato no final do corredor, compartilhamos o mesmo suspiro no tecido de realidade. Sem ordem, sem importância.
Um açougueiro que não come carne. Uma tatuadora sem tatuagens. Um contador que odeia matemática. Um fotógrafo cego. Uma freira sem fé. Ramos diferentes, movidos de falta de amor próprio. A realização deles vem da sinceridade inesperada de quem é alheio à sua situação.
Desculpe se pareço disponível demais. Ansioso demais. Se minhas respostas são todas frases de efeito. Se me esforço em demasia. Perdão por me explicar, por não deixar um descaso sequer sem solução. Passei tanto tempo sozinho. Sozinho comigo, rodeado de mim. Vi em você uma escada pra fora do aquário. O poço encheu demais e mudou de nome. Tento esvaziá-lo com desculpas, mas de que elas valem? Todas as intenções são nobres já que almejam viver.
Se pudéssemos ver nossa linha do futuro, esticando por cantos sujos, encostando em outras linhas mais resistentes, você se puxaria pra mais perto do fim? Minha linha é um barbante amarelado. Não sujo, apenas passou tempo demais no armário embaixo da pia. Está enrolada em minha mão e, ao mesmo tempo em que me sinto tão seguro, faço isso pra poder puxar com mais força e ser jogado pra frente. Pro fim.
Assim como as pessoas que citei no começo, qualquer criança me emociona. Sua gratidão por pequenas coisas é incrível. A sinceridade de olhos grandes vestindo uma capa de expectativa. E ainda assim não me sinto limpo perto delas. Sou bom, não me entenda errado. Mas andei tempo demais olhando pros pés.
bah! baita texto.