Fins

Fins

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E tem esses homenzinhos andando pelos cantos do quarto, como formigas, só que humanóides, carregando coisas pequenas que devem usar no mundo pequeno deles como botões, rolhas de cortiça, barbante e caixas de fósforo.
Eles são feios, provavelmente os seres minúsculos mais feios que já vi, então não vou chegar muito perto. Na verdade vou ignorá-los, e espero que me ignorem também.

Reparei que eles são influenciados pela música. O ritmo de trabalho pelo menos. Algo mais pesado faz eles correrem, enquanto músicas animadas faz com que andem um pouco e façam giros em torno de si. É curioso.
Deixei uma música com batidas militares, ai eles marcham e fazem tudo organizadamente.

Comecei a largar coisas deliberadamente pelo caminho deles, a noite. Algumas aparecem na minha mesa pela manhã, como se quisessem devolver, outras somem.
Cheguei bêbado um dia desse e derramei água em cima de um grupo dos homenzinhos, eles soltavam gritinhos e corriam em círculos desesperados.

A convivência ficou complicada depois disso, eles começaram a sujar o quarto e destruir as coisas por motivos bestas, como preguiça de dar a volta no tênis.

Agora nossa trilha sonora são músicas alternativas que ponho somente para incomodar. Eles respondem colocando objetos pontiagudos embaixo das cobertas e escondendo minhas chaves.

Me irritei quando vi que furaram meus chinelos, então pus fogo em um monte de papel bem no meio do caminho deles. Responderam seqüestrando meu gato, e exigindo todo o marshmellow que conseguisse carregar.

Descobri onde ficam suas tocas e inundei tudo, corpos pequeninos saem boiando la de dentro a manhã toda. Sobraram apenas alguns, assustados. Construíram uma estátua minha, e ficam ali venerando.

Voltei a ignorá-los, e espero que façam o mesmo.

Me chamo Deus.

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