Give Up

Give Up

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Me excluíram, falaram pra nunca mais voltar, ou matariam as crianças.
Sou um proscrito, sem rumo, desde que seja para longe de onde vim. Agora estou fadado a encontrar mais viajantes, que vão me perguntar onde quero ir, e não saberei dizer. Vão me olhar primeiro confusos, depois com desprezo.
Vou passar por oásis, e ainda assim não dar muito valor a nada. Vou me perder inúmeras vezes, sem nem fazer idéia de quando isso tudo começou.
Foi antes de me expulsarem, quando perguntaram porque não dava atenção as máquinas e avanços do nosso povo. Quando perceberam que estava mais interessado nas sombras, do que no mundo real.
Percebam as sombras, a forma bruxuleante como elas se movem, hipnotizando, replicando o que quer que seja, mas não da forma como os espelhos fazem, sempre iguais e sem graça, mas vivas, como bem entendem, muito mais belas do que seja lá o que esteja contra a luz para fazer elas nascerem.
Encontrei meu destino, objetivo. Quero ir para onde a sombras começam, atravessar a porta que faz de mim uma sombra, mesmo que essa porta seja a morte. Viver no mundo das sombras, sempre ávido para que aconteça a sucessão de eventos que vai me fazer aparecer, uma luz, uma tela, e algo entre eles. Animais formados por mãos, monstros para criancinhas, que na verdade são galhos ou montes de roupas num canto, quero ser o que deixa rostos de homens soturnos e misteriosos, ou o que realça a beleza das mulheres. Estar sempre junto de viajantes solitários, primeiro atrás, mas depois a frente, até morrer quando chegar a lua nova. Esconder ladrões e assassinos sem escrúpulos, marcar as horas em conjunto do sol, e ser a única distração de um prisioneiro em sua cela.
A porta é distante, vou passar por muitas provações, eu sei, mas quando olhar para sua sombra, lembre de mim, e sinta inveja do mundo que existe ali, escondido.

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