It Wasn’t Me

It Wasn’t Me

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Os dois ouviam suas bandas favoritas deitados, olhando pro teto.
– Um dia vamos tocar algo assim.
– Uhum.
E a garrafa ia passando de um pro outro. Eles sabiam que nunca tocariam nada assim. Sabiam que todos aqueles planos morrem assim que o primeiro deles se levanta. Levanta e vai seguir a mesma corrente que a maioria segue, apesar de sempre dizer que não e criticar isso tudo.

A parte difícil é saber. É falar todos aqueles sonhos com os olhos brilhando e assim que a frase acabar, o silêncio seguinte revela que nunca vão chegar nem perto disso.
Não existe essa coisa de “tomem iniciativa”. Só existe sorte, ou coincidência, como preferir. Tudo é uma linha reta enorme, você só escapa quando te puxam dela. Força de vontade não é suficiente.

Podemos adivinhar boa parte do futuro dos dois ali, deitados olhando pro teto. Eu e você sabemos que eles vão sair e voltar pra casa, que vão acordar e terminar os estudos. Vão trabalhar porque precisam, em algo que não gostam ou fingem gostar, e encontrar alguém. Esse alguém pode ser um amigo que divida uma casa ou uma namorada, e vão ser felizes por um tempo, até ficarem mais velhos e enterrarem definitivamente os pensamentos de “vamos ser diferentes” porque aquilo era coisa de jovem.

Não sei se você tem noção do quanto isso é fatalista. E “total” por assim dizer. Agora é a parte que você se revolta e da um sorrisinho pensando “olha que exagero”. Mas me dê uma chance e reflita. Tudo é parte do mesmo. Você e eu somos um só.

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