Luz. E nem tanta paz assim.

Luz. E nem tanta paz assim.

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Quando era pequena e visitava o mar, fazia de conta que tinha controle sobre as ondas. Meus movimentos chamavam a próxima onda, e assim eu conseguia lavar a praia toda por alguns instantes, sozinha. Pura. Hoje observando um barco de pesca ao longe, me pergunto se as ondas não são manifestações de crianças do mundo inteiro. E se um dia eu não fui responsável por ondas se formando na Escócia ou algo que o valha. Um cachorro passa por mim e diz que sim. Mas não sei pra qual das perguntas ele se referia.

Gosto um pouco de sentir dor. Li que tem algo a ver com minha auto-estima, mas nunca soube muito bem o que isso significa. Acho que ninguém sabe ao certo essas definições psicológicas. Algum velho doido fumando cachimbo disse que era assim e todos estavam com preguiça de questionar. Bem, me sinto culpada por gostar da dor. Minha avó ficaria horrorizada se falasse isso pra ela. Queria que a sociedade não tivesse sido fundada nesses julgamentos bobos. Queria ser livre, e não diminuir aquela menininha com o cabelo embaraçado na quarta série. O que é chato também, porque mesmo sabendo que ela só queria ser minha amiga, eu não queria amigas. Não naquela época. Então mesmo sendo livre de julgá-la por ter o cabelo mais engraçado da escola, eu mesma seria julgada por não querer ser amiga dela. Por motivo algum, só não queria.

Acho engraçado pensar que a lua tem alguma influência nas marés. Se fôssemos dominados por uma raça alienígena superior, e o destino da humanidade dependesse da minha resposta sobre acreditar ou não nisso da lua influenciar as marés, eu ficaria quieta. Não faz muito sentido. Sei que no além-vida toda a humanidade iria colar cartazes de “chute-me” nas minhas costas, mas não me arrependeria. Quem sou eu para saber as obrigações da lua. É mais fácil acreditar no cachorro e aceitar que crianças formam ondas (ou que eu formei as ondas da Escócia quando tinha 7 anos).

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