Parcimônia

Parcimônia

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Em todas as composições, você não é citado. Todos os outros estão ali, uma, duas, três vezes. Os momentos marcaram, foram significativos, ganharam sua entrada nos versos. São imortais, agora. Você não. Você passou despercebido, apesar de ter se esforçado tanto. Mas era sua vontade desde o início, não? Ser como um anjo, olhar a distância, nunca interferir. Anjos não tem asas para voar, mas sim para impedir de se enforcarem na sua própria auréola de bondade. Todos eles tem a mesma marca de nascença: a palavra inveja escrita em línguas esquecidas, para ninguém conseguir ler.

Não tente achar sentido em passeios solitários em um dia de sol. Foi pego pela corrente e precisa de companhias que não a si mesmo. Precisa de retorno. Aceitação, surpresa, contentamento. Não existem mais tópicos para debater com sua própria cabeça, a companhia é tediosa, previsível.

E quando cantarem aqueles versos, mesmo sabendo que seu nome não será pronunciado, seu castigo é esperar reconhecimento. É vivenciar o ciclo de mesquinhez, esperança e desapontamento. De novo. De novo.

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