– Vocês humanos são imbecis, sabia?
– Disse o construto do meu subconsciente.
– Exatamente, sou apenas uma voz na sua cabeça mas infinitamente mais consciente que você mesmo.
– Isso é impossível.
– O simples fato de não ser a minha mão desenhando um pinguim no cimento molhado à noite comprova essa hipótese.
– Porque você aparece justo nessas horas? Pra acabar com minha alegria?
– Porque me revolta você se alegrar com isso.
– Se revolte em silêncio.
– Ah essa constante busca pela eternidade, por deixar uma marca. A ilusão de que sua raça importa. Vocês não são nada no tempo. E sabe o que é engraçado? As únicas coisas que vão realmente ficar, são os montes de pedra que vocês moveram de um lugar pro outro. Porque é basicamente pra isso que as pessoas servem, mover pedras de um lado pra outro na superfície do planeta. Não vão durar nem pra ver as montanhas se movendo sozinhas. Suas construções não passam de minérios empilhados. Ferro, aço, vidro…
– Você acha que pinguins ficariam bem de óculos?
– Sim, eles tem um certo ar pomposo. Me conforta pensar no fim da existência. Não só da sua, mas de tudo. Fim do tempo, das dimensões como conhecemos e de todas as outras. Isso deveria acalmar vocês também. Os medos não importam. Nem as falhas, humilhações, derrotas…
– Não tinha parado pra pensar que ferro e essas coisas eram pedra.

Plâncton
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