Faço parte de um grupo secreto. Ou seita, ou organização, ou seja lá como você prefere chamar. Nosso objetivo é aparecer e mudar a vida de certas pessoas escolhidas. Às vezes são mudanças boas, outras ruins, outras neutras que não influenciam em nada.
Os escolhidos são raros. São os poucos que nunca vão falar nada sobre nossas visitas, nem aos melhores amigos, nem escreverem cartas que nunca serão enviadas, nem no leito de morte com palavras vagas.
Levam o segredo pro túmulo, sem sombra de dúvidas.
Mudamos coisas simples, que funcionam como reações em cadeia. Prendemos alguns fios soltos e rasgamos outros.
Uma vez dei a um rapaz a insignificante habilidade de poder ver espíritos de pássaros. Não, não serve pra nada, mas mudou a vida dele. Muda a vida de muita gente, esse tipo de coisa.
Soube de um de nós que agiu em um casal. Isso é raríssimo, veja bem, porque ambos não devem contar nada ao outro, sobre coisas que mudaram suas vidas. No caso dele, foi curado de câncer. Ela aprendeu a dizer “sim”.
Ontem encontrei um morador de rua. Meu trabalho era dar um poder a ele, o poder de nunca mais precisar comer. É triste porque isso significava que ele nunca ia conviver com alguém tempo o suficiente pra desconfiarem, senão já perdia o direito a tudo isso.
Me pergunto se somos mesmo altruístas. Me pergunto se isso sequer existe, afinal fazemos porque devemos fazer. Creio que um dia éramos mortais, e esse trabalho nos foi dado, como dom.
Preciso ir ao Egito, encontrar o guarda noturno de um museu e ensinar ele a tocar harpa. Acredite ou não isso vai mudar sua vida.
as vezes eu tento imaginar se há pessoas que assisrem sua vida,mesmo que você secretamente as repudie.