Rua 17

Rua 17

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E agora você vai me contar sua história mais triste, e de novo e de novo. Pode chorar, soluçar, pedir pra ir embora, não vou deixar.
Vai contar tudo, levaremos o tempo que precisar, até o gosto salgado das lágrimas sair da sua boca. Sim eu sabia que você chorava, apesar de negar e ser forte, somos parecidos, temos nosso mundo invisível e abafado.
Me fale o porque você tem medo, só os motivos, não os medos, eles são inúteis. Me fale quem você queria que estivesse aqui. O que aconteceu naquele por do sol.
Menti quando falei que levaríamos o tempo que precisasse, só temos uma noite, só esta noite.
Vamos, comece logo, o começo é a pior parte, depois dele o dominó todo cai sozinho, e chega a ser belo ver as peças formando ondas que vão morrer em lugar nenhum.
Vai me contar essa triste história, e no final, quando meu ombro cansar de servir de apoio, você vai perceber nosso objetivo, vai entender que não importa o quão horrível foi aquilo tudo, era o que era, uma história, não está mais acontecendo, passado, acabou.
Fim.

Não podemos ficar juntos, por mais que você me ache magnífico.
Sou magnífico sim, mas somente enquanto durarem os vagalumes, depois sou tedioso e nojento.
E você, bom você é magnífica enquanto seus olhos tiverem luz e quem sabe até mesmo depois, nunca quero descobrir a beleza disso.

Vá e aproveite sua vida, conte suas histórias. Eu vou ficar, ficar e dançar com uma cartola na mão, esperando as próximas lágrimas da próxima pessoa com a próxima história.

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