Ele queria alguém que soubesse explicar de forma completamente confusa o que era tudo, tudo mesmo. Que não gostasse da própria infância mas adorasse crianças. Que tivesse desprezo por qualquer coisa sabor morango.
Ela queria um travesseiro ambulante que fizesse barulhos engraçados quando andasse, e mesmo se por acaso brigarem um dia, ela não conseguiria deixar de rir quando ouvisse ele andando cabisbaixo para o quarto. Sabia que não encontraria, então só procurava alguém que estivesse sempre com o tênis desamarrado.
Ele tinha remédio para dormir, uma rolha e um botão de camisa nos bolsos.
Ela tinha o chaveiro mais ridículo que você imaginar, metade de uma bala e um botão de camisa nos bolsos.
Ele queria alguém que tivesse fobia de elevadores, mas precisasse de ajuda para não se jogar do primeiro parapeito que cruzasse seu caminho. Queria salvar, para se sentir salvo.
Ela queria alguém que odiasse coisas coloridas, milho demais e como as pessoas vem sorrindo à trinta metros de distância antes de se encontrarem.
Eles eram os únicos que carregavam botões nos bolsos a procura dos únicos que também carregavam. E quando se encontrassem, não precisariam dizer nada.
Eles foram.