take a bottle, drink it down

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às vezes jogar um palito de fósforos numa lareira pode ser mais reconfortante que jogar uma granada, depende do valor que você dá as coisas.

um sujeito sentou do meu lado nos bancos de espera para o dentista, e não parava de olhar o relógio. aquilo me incomodou um pouco, perguntei se ele estava com pressa, e se estivesse eu trocaria de horário com ele, confesso que não tinha droga nenhuma melhor pra fazer. ele disse que não estava com pressa, mas achava que o tempo demorava demais pra passar. perguntei então o que ele tanto queria que chegasse, ele riu e disse que a vida demorava demais pra passar.

próxima vez que você for cometer um crime com pena maior do que 5 anos, lembre-se de comprar cursos de línguas estrangeiras. pode ser aqueles antigos com fitas cassete mesmo, ou vários livrinhos pequenos e que tenham escrito “pertence a Susie Irwing”, com manchas de café na lateral.

conte sua vida pra qualquer pessoa que sentar ao seu lado nas viagens de ônibus ou avião. conte tudo mesmo, medos, inseguranças, coisas que não contaria pra ninguém. economiza terapeuta, e não vai fazer diferença pra quem ouve, com sorte você acaba chorando, ou encontra uma operadora de telemarketing, ai pode ligar pra empresa dela dos lugares mais sem sentido e conversar sobre pássaros ou como seu pai esperava que você fosse alguém melhor.

outro dia encontrei a sorte sentado num banco com plantas em volta, ela olhou pra mim e perguntou se eu achava que iria chover. dei de ombros e sentei, falei que o lado esquerdo da rua me desanimava, não sei direito porque, talvez pelas casas ou árvores sem folhas. a sorte olhou pra onde eu tinha apontado por um momento e levantou, falou que estava ficando tarde, então foi embora.

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