Você pede por uma caneta, eu te dou uma caneta. Você leva ela até os lábios e morde. Seu olho treme involuntariamente. Do outro lado da rua uma mulher é atropelada. Você engole um pedaço da caneta e olha para suas mãos. Você não consegue engolir. Tem crianças na calçada. Tinta preta escorre pelo canto da sua boca. Eu te dou uma caneta. Você olha pra mim, e eu estou sorrindo. As crianças estão chorando agora. Você leva a caneta aos lábios, lágrimas escorrem pelo seu rosto quanto da a mordida. Eu te dou uma caneta. Você agora está de joelhos. Você suplica para irmos ao outro lado da rua. Eu só ouço risadas de crianças. Eu te dou uma caneta. Você está gritando ao ser atropelado. Eu sou sua criança. Você não consegue ver nada. Você morde a caneta. O asfalto se apressa para se encontrar com você. Você acorda na sua cama assustado. Seu olho treme involuntariamente. Eu te dou uma caneta. Enquanto você me mata, eu não faço som algum. Eu te dou uma caneta. Você pede por uma caneta. Minha tentativa de recíproca é interrompida bruscamente assim que meu corpo experiencia uma ausência súbita de elétrons. Através de uma variedade de dimensões ocultas você está receoso. Kurt Cobain me estende uma maçã, mas ela escapa entre meus dedos. Eu renasço como um esquilo. Você desaprova. Um estalo ecoa através do universo desafiando a física convencional enquanto o barulho do fundo cósmico muda da aleatoriedade para uma Reta. Crianças em toda a parte param o que estão fazendo e murmuram em timbre perfeito com a radiação cósmica. Pássaros caem do céu enquanto o sol engole a terra. Você hesita momentaneamente antes de permitir a si mesmo de se tornar o centro de todo o conhecimento. A desordem grita enquanto você absorve toda a informação contida no universo. Uma pequena livraria de porta vermelha deixa de existir. Você tropeça com o peso de tudo que já existiu. Sua boca abre para gritar, e desaba ao redor do seu corpo antes de sumir do plano espacial. Você existe somente na quarta dimensão. O fio de todo o conhecimento se estende pelo chão e colide com um cachorro pequeno. Minha cabeça fica numa angulação estranha enquanto o tempo-espaço é restabelecido, você aparece d novo no mundo corpóreo desorientado, somente para eu te dar uma caneta enquanto meu corpo tem um colapso pela tensão da reconstituição. O universo se rearranjou. Um porquinho da índia particularmente pequeno é alimentado somente com carne pelo resto de sua vida natural. Você morre em um acidente bizarro momentos depois, e sua alma trabalha na seção de devolução na biblioteca de porta vermelha. Você desaprova. Sua desaprovação envia ondas através do vazio inter-dimensional entre a vida e a morte. Uma criança pequena começa a chorar enquanto anda em direção ao corpo de sua mãe.

Tese
Categories
blur