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Era uma sala de aula normal, com todos os alunos normais. O fim da nossa história se dará bem depois disso, quando um menino vai entrar e sentar, esperando sua vez para falar o que montou para a apresentação. Vai ficar com a cabeça baixa o tempo todo, tremendo e suando frio. Vai ter que ouvir seu nome 3 vezes antes de levantar, ir até a frente de todos, falar seu nome e dizer bom dia. A sala vai responder o bom dia, todos juntos, então ele vai tirar a arma do seu pai da bolsa e dar um tiro na boca.

Tinha aquele gordinho que quase sempre era filho de gordinhos, que sempre é simpático e tem as melhores lancheiras, iria crescer com baixa-estima mas não deixaria ninguém saber disso.
O quatro-olhos que não era esperto, mas todo mundo achava que ele deveria ser, porque usava óculos. Na verdade ele só queria ser um super herói, ou um bombeiro, e morar longe do seu padrasto.
A menina loirinha que ganhava roupas de todas as tias até fazer 12 anos e ter uma irmãzinha. Dois anos depois ela estaria viciada em cocaína e grávida.
Aquele garoto que praticava esportes, mas não queria nada disso, e só fazia pela pressão do pai. Descobriria que gostava do pai mais que imaginava, e depois da morte dele por câncer entraria em depressão por 8 anos.
Uma menina de cabelo curto, que não gostava de brincar de bonecas, e começaria a trabalhar cedo demais, a roubar cedo demais, entrar pra uma igreja qualquer e morrer virgem.
Um menino de cabelo embaraçado que era viciado em dinossauros. Sofreria um ataque por águas-vivas e entraria em coma por 2 meses, mas depois provavelmente se tornaria o mais feliz dos personagens.
E um garoto que era normal, tinha amigos e via desenhos animados. Mas no fundo nunca entendeu porque gostavam dos mocinhos e não dos vilões. Sempre gostou mais dos objetivos sinceros, podia ser egoístas sim, mas eram sinceros. Sabia que os mocinhos no fundo eram tristes, mas não podiam demonstrar. Ele cresceria sendo um dos melhores alunos, mas ninguém daria bola. E sem motivo nenhum, ia pegar a arma escondida do pai e levar a aula. Sem ninguém saber explicar colocaria ela na boca e ficaria em 20 jornais diferentes.
Seus colegas nunca esqueceram dele, mas não era isso que queria.