Todo mundo dorme por pelo menos um terço da vida. Já parou pra pensar que dormir é a coisa mais frustrante que já inventaram? Você não tem esperanças ou objetivos. Sabe que vai acordar. É como começar um sonho novo sabendo que não vai se realizar porque seu cachorro vai pular em você pela manhã, ou o telefone tocar, ou seu filho chorar, ou aquela música que já enjoamos começa, alta demais.
Porque querem dormir? Porque querem passar por todo o processo de serem acordados, infinita e rotinadamente?
Seu cansaço vai continuar amanhã, sua falta de vontade, seus problemas. E pior, você espera que dormindo o dia se resolva, mas desde quando solução é sair do mundo imaginário para a realidade? Porque dormimos? Porque entramos no jogo onde sabemos que vamos perder, cedo ou tarde? Os poucos momentos de imersão naquela sensação de fuga valem a pena? Se ao menos pudesse controlar meus sonhos, se escolhesse onde vou me jogar e voar, ou quem vai viajar comigo para terras congeladas, ou que animais quero ser. Saímos de um mundo sem controle para outro, mas ao menos no outro não raciocinamos. Agora em contrapartida esse outro mundo tem um fim, um fim com hora definida e desajeitada, onde caímos da cama, acordamos sentindo frio sem cobertas e nos atrasamos para obrigações deprimentes.