Tenho um pensamento invasivo recorrente onde procuro confusão pra apanhar até quase morrer, de preferência no meio dum matagal ou algo que o valha. Estar lá semi acordado, com dor por todo o corpo, sem expectativa de me encontrarem tão cedo. A única chance de sobreviver seria me arrastar um bom bocado até achar ajuda. Quero saber se tenho essa força de vontade. Se vou desistir na primeira oportunidade. Se “mereço” viver. Faça essas aspas no ar. Vai lá, faz aí, meio escondidinho embaixo da mesa, vai ser nosso segredo.
Ando em busca de um hobby artístico, de sentir orgulho de algo que criei. De achar que entendi onde uma peça do quebra-cabeças do mundo se encaixa, sem saber que é no canto e todo mundo separa essa peça.
Vez ou outra acho que ando em cima de um muro onde de um lado tem a mais completa normalidade, uma vida medíocre comendo granola, reclamando das segundas e assistindo séries rasas, e do outro lado existe um morrinho de grama na inclinação perfeita pra baixo (se é que isso faz sentido), com neblina no meio e a morte fria do universo no final. A amplitude da minha montanha russa é meio desregulada.
Fico pensando se nessa linha do tempo o que me salva é acordar na próxima terça e comprar telas, cavaletes e tintas, ou se deveria ter feito isso quinta passada e agora a melhor coisa é começar taekwondo. Sinto culpa por não valorizar o que tenho, sinto culpa por sentir tédio, sinto vergonha de ter sentido culpa por me obrigarem a me confessar quando era adolescente.
Pra mim a arte está ligada a sentimentos complicados, e é impossível produzir arte relevante tendo certeza de como resolver esses sentimentos. Se você tem certeza de como resolver alguns sentimentos eu acho que não compraria sua arte, desculpa. Talvez isso tenha um lado religioso, moral ou estúpido, não sei classificar ainda. Talvez você possa me ajudar, me indicar uma música, um pintor, um poeta.